sexta-feira, 25 de março de 2011

Conto :marcas do passado



 Olhei-te com os meus olhos quentes e abatinados de paixão, uma paixão fervorosa que me persegue a cada madrugada que se passa longe de ti.
    Senti suas caricias quando suas mãos ásperas tocavam o meu rosto, e descia perambulando no meu corpo macio e lustroso, transmitindo sensações como arrepios e censuras.
    Meu cabelo esvoaçava-se pelos ventos quando corria para sua direção, minhas madeixas loiras maltratadas pelo sol com alguns fios ressecados se enrolavam a medida que o vento soprava.
     Quando cheguei ao seu encontro suspirei em seus braços, cansada por tanto tempo esperá-lo, nos amamos ali mesmo sugados pela areia fina que percorria o meu corpo nu e os meus pés descalços. A maré retornava com força e intensidade como se tudo que estava presente naquele instante fosse um milagre inacreditável. O mundo parecia ter parado de girar naquele instante que permaneci ao seu lado.
      Seu corpo encostava-se ao meu, e eu podia sentir o seu calor em minhas entranhas dominadas pelo seu ser. Sussurrava as mais belas palavras de amor no meu ouvido e eu o agradecia com beijos quentes e cheios de desejos ocultos em meus pensamentos.
     Eu era o seu amor e você tinha nascido pra mim, pra me amar e me proteger com seus braços fortes e robustos, com sinais de que já havia lutado muito e apanhado da vida.
     Com um simples piscar de olhos eu adormeço naquele lugar tão envolvente com seu corpo grudado no meu. Quando acordei perplexa, não o vi, só vi marcas no meu coração, esses estavam despedaçados, por saber que você tinha partido para bem longe de mim novamente, tudo tinha sido em vão, eu não tinha mais alguém que me fizesse feliz.
       Naquele dia os pássaros cantavam tristonhos e sem nenhum timbre, as nuvens corriam depressa na imensidão do céu. Foi ai que num desespero profundo e doloroso vi a pior cena e a última existente em minha vida, vi o homem que eu amava caído sobre a areia quente e obscura. Seus olhos estavam abertos mais não correspondia ao meu chamado, ao  lado de seu corpo havia um sangue frio derramado, e eu não podia  fazer nada perante aquele fato que doía tanto o meu coração, uma dor inexplicável que espreme irreversivelmente o meu interior.
  Este parecia saltar pela minha boca, meus pés tremiam, minhas mãos transpiravam, minha vista escurecia e minha voz não falava. Minha face estava triste e possuidora de uma imensa dor, com um suspiro, dos meus olhos caíram uma lágrima e penetrou minha face desalenta.
      Naquele instante de ira e descontentamento, peguei uma faca que estava perdida no chão e rasguei o meu coração, com toda intensidade e força que restara de meu ser inquietante. Ao cair sobre aquela areia fina e que sugava a água do mar , morri ouvindo o som das ondas, os pássaros cantarolando tristemente, quando pronunciei meu último pensamento.
"O amor é como um vento não podemos  vê-lo mais podemos senti-lo".
Carol Castro.

2 comentários: